O livro "Fire in the South American Ecosystems" (Fogo nos Ecossistemas Sul-Americanos), agora publicado em formato digital, é considerado uma referência para o estudo do fogo em ecossistemas sul-americanos. Essa publicação de pesquisadores brasileiros, com colaborações de cientistas de toda a América do Sul, aborda o papel evolutivo do fogo, sua dinâmica e os desafios de manejo no Antropoceno, período marcado pela influência humana.
A incidência de incêndios antropogênicos na América do Sul tem aumentado ultimamente e os efeitos do fogo sobre a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos são motivo de grande preocupação. Por outro lado, os incêndios naturais estão presentes no continente há milhares de anos, atuando como um fator evolutivo da vegetação e da fauna.
Na América do Sul, vários ecossistemas são propensos ao fogo devido à sua história evolutiva, enquanto aqueles que não evoluíram sob queimas frequentes são sensíveis ao fogo. Por outro lado, os seres humanos têm grande influência nos regimes de fogo atuais, pois, conforme seus interesses, aumentam a frequência de incêndios em alguns ambientes e tentam banir sua ocorrência em outros. Essas alterações nos regimes de fogo trazem enormes consequências para a biota, os serviços do ecossistema e o meio ambiente. Este livro aborda diversos ecossistemas sul-americanos que se beneficiam da presença do fogo, mas também aqueles que são prejudicados pelo fogo. Os efeitos do fogo sobre a biodiversidade vegetal e animal de nove dos principais ecossistemas sul-americanos serão apresentados e discutidos considerando-se as tendências atuais de mudanças climáticas e de uso das terras, trazendo entendimento sobre quando e como o fogo deve ou não ser usado para beneficiar a natureza e os seres humanos. Serão destacadas opções para o planejamento e o gerenciamento do fogo, considerando especialmente a redução do risco de incêndios florestais e a conservação da biodiversidade e dos recursos naturais. Essa ampla compreensão da questão do fogo na América do Sul apoiará decisões sábias mais adequadas para o gerenciamento ambiental e a formulação de políticas públicas.